Agora que vamos começar a nova fase de entrevistas (é já amanhã) uma última postagem sobre a formação inicial de uma série de postagens que me propus fazer (se vier a propósito e se assim entenderem, ainda assim a formação inicial pode continuar a ser objecto das nossas reflexões). Trata-se de uma análise que tenta, tendo em conta um processo de moderação que estou a fazer, estabelecer uma ponte com o período de iniciação/indução profissional, que será alvo de nossa atenção especial a partir desta segunda entrevista.
A questão dos processos metodológicos utilizados na formação inicial já foi alvo das nossas reflexões nas entrevistas e até no blog. Mas agora queria correlacioná-la com os processos de construção do conhecimento profissional, ou seja, com o caminho que leva um formando, através de processos de formação, de aluno a professor, com a construção de competências que configuram o perfil profissional do professor do 1.º ciclo do Ensino Básico, numa perspectiva de um profissional reflexivo, investigador, colaborador, aberto à mudança, flexível, autónomo. Diga-se que este é um perfil de professor assumido por todos e reconhecidamente atribuído, em grande medida, aos méritos da formação inicial do IEC.
Tenho que fazer, agora, um preâmbulo para dizer que o andamento do blog me suscitou algumas dúvidas, tanto do ponto de vista da minha moderação como da vossa participação (regularidade e conteúdo). Certamente verificaram isso através de alguns dos meus comentários neste blog, como nos próprios e-mails que tenho enviado, como forma de moderar e dinamizar a vossa participação. Não se trata de menosprezar o que temos, nem de exaltar o que não existe; apenas e tão só de proceder a uma análise que permita uma melhoria das dinâmicas aqui desenvolvidas, bem como da procura de alternativas que ajudem a tornar o blog num instrumento de partilha de experiências e de reflexão sobre o processo de construção do conhecimento profissional na formação inicial e no período de indução profissional, sobretudo, através da vossa voz. Neste trabalho tenho que agradecer, publicamente, à Dra. Altina Ramos e à Dra. Isabel Candeias, pessoas que conhecem muito bem. Devo acrescentar que, especificamente, esta postagem é o culminar de um processo que resulta dessa (meta)reflexão e de algumas apropriações que faço das suas palavras (em especial, aos últimos mails que troquei com a Dra. Isabel).
Bem, voltando ao propósito inicial (nunca faço isto sem dizer muitas palavras!). Queria-vos confrontar com aquilo que apelido de uma dupla incongruência (é uma provocação) para as quais gostava de ter as vossas perspectivas:
– É possível formar um professor com o perfil que caracterizei por processos tradicionais, que em muitos casos identificaram, como expositivo, rotineiro, reprodutor, teórico, …? Como foi possível a uma formação inicial desenvolver tão bom trabalho por práticas tradicionais (também seria preciso definir bem esta concepção de tradicional)?
– É possível dizer-se que a formação inicial desenvolveu essas competências e depois verificamos, até pelo blog, que acabam por ter muitas dificuldades nos contextos escolares?
Podemos estabelecer aqui raciocínios dicotómicos ou maniqueístas, onde nós somos muito bons e os contextos escolares são muito maus? Não pode, não deve haver aqui pontos de convergência, necessariamente em benefício da educação das crianças? Não será esse um dos vossos desígnios e o elogio maior que se pode fazer à formação inicial?
É isto; espero que seja isto, pois de tantas voltas que dei ao texto, já não sei bem se era isto… Perceberam? Se não for aqui, espero que se lembrem disto durante a entrevista.