Ser Professor do 1.º Ciclo

sexta-feira, junho 02, 2006

O processo de investigação em análise...

Mais um post, da minha parte, um dos últimos, se não mesmo o último. Queria fazer um apelo, mais um, à vossa participação, agora que nos estamos a aproximar das Jornadas da Prática Pedagógica e do encerramento oficial deste blog, pelo menos para os fins que foi proposto.

É precisamente pensando no processo de investigação e no blog, e olhando para o pouco movimento que apresenta, fruto de várias circunstâncias que já fomos discutindo, que gostaria de vos pedir uma última intervenção com um carácter, diria mesmo, ‘obrigatório’.

Estamos a terminar um processo que já ultrapassa os seis meses. Participaram numa sequência de três entrevistas de grupo sobre, respectivamente, “a formação inicial”, “o período de indução profissional” e “o projecto profissional e pessoal”. Fizeram, acto contínuo, três registos escritos por cada uma das entrevistas (alguns estão ainda a fazer o último registo!). E, finalmente, foram acompanhando o processo, de uma forma mais ou menos presente, com a vossa participação neste blog de discussão sobre o processo de investigação e sobre as temáticas que foram surgindo nas entrevistas ou outras que acabaram por ser objecto de análise neste espaço.

Aquilo que vos pedia, como forma de culminar este processo, era uma opinião pessoal e profissional acerca da vossa participação neste processo de investigação. O que foi para vós participar neste trabalho? O que mais vos agradou? Como se sentiram ao ler e escrever (ou não, para aqueles que não foram tão assíduos) neste blog? Quais foram as vossas dificuldades? Que pensamentos recorrentes surgiram quando pensaram no 'Professor Carlos' e no trabalho que vos propus?

Façam as vossas intervenções; escrevam aquilo que mais vos marcou. Façam um, dois, três comentários; quantos quiserem sobre os mais diversos aspectos… Aguardo com expectativa este processo de auto e hetero-avaliação do processo e dos intervenientes da investigação. Podem falar de mim, do meu papel, da minha participação/moderação/dinamização. Responderei a todos. Vou procurar também acompanhar as vossas reflexões com o meu contributo.

9 Comments:

  • Olá Beatriz.
    Só para dizer que já li com muito interesse o seu comentário. Apesar de achar as suas palavras muito exageradas, não deixo de apreciá-las de forma especial.

    Tenho vontade de voltar mais tarde ao seu comentário. Há coisa que merecem mais atenção...
    Por agora prefiro esperar que outras pessoas se possam manifestar. No entanto, não queria deixar de registar a sua participação, Beatriz. Ainda assim, para terminar, também lhe digo, não identifico motivos por pensar que a sua participação me possa ter defraudado… Em que sustenta a sua suposição (pois, não deixou de colocar um “talvez”)?

    By Blogger Carlos Silva, at 6/06/2006 3:32 da manhã  

  • Ainda bem; a reciprocidade de aprendizagens é um factor que me satisfaz neste projecto, coisa que a Beatriz, nas suas palavras, acaba por corroborar. Por aqui também se pode ver como a aprendizagem é um processo exigente… é preciso esforço, motivação, condições, … para que se torne significativo. E isto pode-nos fazer pensar nos alunos... Até quinta, nas Jornadas.

    By Blogger Carlos Silva, at 6/07/2006 4:14 da manhã  

  • Olá Ana e Paula. Só para registar também o vosso contributo. Parece-me que as vossas opiniões são demasiado unânimes. Não sei se gosto disso… Acho que vou ter que dizer algo mais para provocar o vosso sentido crítico… E não estou a duvidar da bondade e veracidade das vossas palavras…

    By Blogger Carlos Silva, at 6/07/2006 3:26 da tarde  

  • Olá Beatriz, Ana e Paula.

    Alguns comentários suscitados a partir dos vossos comentários sobre a investigação que tem como preocupação a construção do conhecimento profissional na formação inicial e no período de indução profissional:

    - Percebo que a disponibilidade para participar na investigação nem sempre foi a desejada. Parece ter sido mais fácil resolver o problema das entrevistas. É um momento, uma tarde; faz-se um esforço, organiza-se a vida, em devido tempo, para estar disponível, e depois passa. Ainda assim, três entrevistas espaçadas no tempo acabam por aumentar o grau de exigência. E isto, salvo uma falha ou outra, acabou por ser concretizado com sucesso.
    Já quanto à participação no blog, aí a disponibilidade acaba por assumir outros contornos bem mais complexos. O grau de exigência e de adesão assumem um carácter de continuidade, que parece ter sido um dos obstáculos mais difíceis de lidar, até se pensarmos que já levamos mais de seis meses de existência.
    O cerne da questão lida com três factores que, em conjugação, acabaram por produzir diferentes reacções e formas de encarar o problema.
    Ao primeiro factor chamaria-lhe de ‘consciência das dificuldades’ em participar no blog. Por diversos factores, que já foram discutidos (ver, por exemplo, o post ‘Blog quanto à forma’), a participação do blog tornou-se em algo absorvente e desgastante. Isso tornava a participação num acto pouco voluntário, quase compulsivo, o que não facilitava a dinâmica do blog.
    Depois, existiu também um outro factor sempre presente e que diz respeito à questão da ‘ética da participação’. Se somos membros da investigação, se aderimos a este processo de forma voluntária, não nos sentimos bem se defraudamos as expectativas. O próprio auto-conceito e imagem de capacidade, de realização do professor eram susceptíveis de ser colocados em causa pelo próprio e por quem conhecia o processo, com particular incidência pela figura do investigador que assumi.
    O terceiro factor a ponderar diz respeito ao ‘tempo’ – pode-se ler ‘disponibilidade’ –, relacionado com a condição da profissão, vista como exigente e absorvente. De facto, o tempo, acabou por definir o grau de participação das pessoas. Quer fosse um tempo físico (hora, dia, noite, fim de semana, períodos lectivos), quer fosse um tempo psicológico, a disponibilidade sempre pareceu algo comprometida, o que levou a diferentes formas de implicação com o blog e a diferentes momentos de interacção.
    A conjugação diferenciada destes factores que apresentei nos participantes levou a uma interacção muito heterogénea. Contudo, não deixo de reparar, salvo excepções, o cuidado que as pessoas tiveram em justificar “as ausências” mais ou menos temporárias, fazendo sobressair a questão da ética pessoal e profissional.

    - Sou sensível aos argumentos relacionados com a intensidade da profissão e da necessidade de preservar a vida pessoal, familiar. Para lá da quantidade de participações, que é um dado objectivo e que pode implicar algumas conclusões, parece-me que importa valorizar a qualidade das mesmas, proporcionando verdadeiros momentos de reflexão e análise da actividade profissional. Nessa matéria tenho de concordar com as vossas indicações e de manifestar a minha satisfação pelo sucedido, apresentando os meus parabéns pela capacidade manifestada.

    - Saliento o traço da aprendizagem, do benefício em participar em investigações que implicam a vossa profissão, que têm referido a propósito da adesão a este projecto… Já o disse, o sentimento é recíproco. Tenho aprendido e muito; tenho, sobretudo, feito uma análise da importância das relações interpessoais que configuram a formação de professores. Para lá dos conhecimentos científicos e pedagógicos, dos quais nunca abdiquei, verifico a necessidade de uma disponibilidade mútua entre formadores e formandos para se darem a conhecer, para partilharem conhecimentos, experiências e expectativas.
    Acho que precisamos de saber mais sobre o período de indução para melhorar os processos de formação inicial, lançar projectos de formação contínua ou de pós-graduação, que permitam fazer o acompanhamento desta etapa profissional, que vos capacite ainda melhor para enfrentar os diversos e exigentes desafios da profissão.

    - Tenho consciência da exigência do processo de investigação e do quanto isso implicou de disponibilidade, sacrifícios, para os quais, talvez, nem sempre estive devidamente sensibilizado, exigindo sempre numa medida, por vezes, exagerada. Provavelmente, a avaliação das exigências da participação podia não ter sido bem concretizada, tanto por mim como pelos membros da investigação. Nunca se pode usar aqui a palavra compulsivo, pois estamos perante processos de participação/adesão voluntária. Contudo, percebo que possa também ter funcionado, nalguns casos, de forma conflituosa, a gestão das expectativas e a pouca disponibilidade para dar cumprimento às exigências da investigação (sobretudo, do blog).

    - Aprecio a ideia de um trabalho ao nível da criação de uma comunidade de aprendizagem, a partir do IEC, a ser concretizado pelas formas que se entenderem convenientes. E aqui, os alunos e os ex-alunos devem assumir o protagonismo.
    Contudo, isso não inviabiliza a necessidade de se integrarem e de contribuírem para um trabalho entre pares, a concretizar a partir dos contextos escolares. Aliás, penso que a comunidade de aprendizagem dos professores formados pelo IEC deve ser pensada em função da concretização de um trabalho de integração e participação activa nos contextos profissionais, pois não faz sentido cultivar um ideal que não tenha implicações práticas, que não se traduza em benefícios profissionais, e que impliquem o próprio professor, as crianças, a comunidade escolar.

    - Apesar de entender que foi uma tarefa exigente, os registos escritos acabaram por funcionar como momentos da sistematização das aprendizagens que este processo acabou por despertar. Isto só vem, de alguma forma, realçar a importância da reflexão e do registo escrito nos processos de formação e aprendizagem.

    Nota final: SMS à noite! Realmente não me apercebi do alvoroço que podia causar… Eu explico: estava já na madrugada da viagem para a Finlândia e não queria deixar de enviar a mensagem antes de partir. Assim, presumo que terá sido já noite dentro, mas não me lembro da hora…

    By Blogger Carlos Silva, at 6/19/2006 5:53 da tarde  

  • Continuo à espera dos comentários dos participantes do Blog a este post. Há, entretanto, novos motivos no Blog que poderiam ser comentados, mas ficaria satisfeito se cingissem a vossa iniciativa a algumas palavras de reflexão sobre o processo de investigação... para quem ainda não o fez, e são a maioria.

    By Blogger Carlos Silva, at 6/20/2006 3:59 da tarde  

  • Olá, Paula.
    É óbvio que acredito que não combinou nada com a Ana, mas não estranho que coincidam nalgumas das vossas reflexões... obrigado.

    By Blogger Carlos Silva, at 6/26/2006 11:32 da tarde  

  • Olá Joana. Não tem que pedir desculpas.
    Ainda bem que decidiu escrever, pois o seu comentário é revelador de algumas reflexões que faço nos posts de análise sobre o blog.
    De facto, pode-se constatar diferenças entre a participação dos grupos, sendo que o seu acabou por estar mais 'ausente' do blog. Razões? A proximidade/afastamento temporal da formação inicial, a (ins)estabilidade profissional, o relacionamento entre os membros do grupo, … O encontro de amanhã, dia 12, também pode ser para conversar sobre isso… Conto com a a Joana.
    Obrigado pelo contributo; é sempre com gosto que leio as ideias/textos da Joana. O testemunho intuitivo fez revelar um carácter perspicaz e muito claro da sua análise, para além da face emocional e pessoal que me agradou particularmente, ainda que possa ter sofrido do efeito pós-traumático do acidente. Espero que agora esteja tudo bem e que não tenha passado de um valente susto.

    By Blogger Carlos Silva, at 7/11/2006 2:40 da tarde  

  • Olá Eva. Obrigado por se ter dado ao trabalho de responder ao meu repto. Percebo que a disponibilidade nem sempre foi a que desejava e aquela que eu esperava. Já disse isto muitas vezes, as coisas aconteceram como teriam de ser; não vamos agora pensar como poderiam ser diferentes se… Nesse sentido, também eu teria de me penalizar por não ter sido capaz de mobilizar as pessoas para algo que, eventualmente, não aconteceu e nem sei se seria possível acontecer… Também penso que tenho nos Professores que trabalharam comigo um grupo de bons amigos. Quem sabe, noutras ocasiões, com outros propósitos, se não teremos oportunidade de voltar a colaborar.

    Quanto ao elogio do projecto e da minha pessoa, agradeço as palavras de incentivo, embora as sinta como algo exageradas, até porque, se fossem verdade estaria, provavelmente, com o trabalho praticamente concluído, o que está longe de acontecer. Todos temos as nossas características; umas mais favoráveis que outras. E é nestas alturas que sobressaem ou se vincam aquelas que não queremos ver tomar conta de nós. É verdade, ando por estes dias muito ocioso, o que não abona nada em meu favor e do andamento do trabalho. Espero que melhores dias virão, se bem que perceba que alguma coisa terei de fazer por isso. Estas palavras fazem-me lembrar a conversa com a Cláudia, no almoço do dia 12, sobre a dificuldade de lidar com a diversidade de solicitações e como isso pode bloquear a nossa capacidade de resposta.

    Para finalizar, tenho de lhe dizer, Eva, que lhe revejo todas as qualidades que me atribuiu, acrescidas de uma vantagem: reconheço-lhe um sentido pragmático que pode ‘simplificar’ tarefas e torná-las exequíveis em tempo útil. Isso é algo que eu precisava de integrar nos meus esquemas de trabalho.
    Pronto, já vai longa esta reacção ao seu comentário, pelo que me fico com umas palavras de boas férias e um incentivo muito forte para o seu trabalho de Mestrado. Boa Sorte.

    By Blogger Carlos Silva, at 7/18/2006 12:16 da tarde  

  • Não tem que pedir desculpa, Luciana. Já disse isto várias vezes a outras tantas pessoas. E no seu caso, que incluo no grupo das pessoas mais activas deste blog, isso assume particular relevo. Espero agora que vá para a praia (ou outro lugar aprazível da sua eleição) para desfrutar e descansar.

    A Luciana é a prova que, apesar das várias solicitações, ainda conseguiu gerir o tempo de forma a manter uma participação activa e interessante neste blog. Por isso, o meu reconhecimento. Se essa participação na investigação acabou por ser útil na sua actividade profissional, tanto melhor. Essa era uma das possibilidades da investigação: tornar-se num processo formativo. Parece-me que o exemplo da Luciana acaba por ser um testemunho no sentido em que as diversas solicitações podiam-se complementar e não entrar em conflito, como acaba por sugerir a ausência de algumas pessoas do blog.

    Espero agora estar à altura do vosso contributo e dar seguimento e esta difícil e árdua tarefa de dar sentido a todo este processo de investigação. De facto, há momentos em que paralisamos sem saber muito bem os motivos… Espero mesmo que não passem de ‘dias’ e que tudo rapidamente faça sentido e ganhe consistência. É isso que me proponho fazer no próximo ano lectivo.

    Obrigado Luciana por ter partilhado connosco as suas vivências.

    By Blogger Carlos Silva, at 7/25/2006 1:39 da tarde  

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