Ser Professor do 1.º Ciclo

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Bom Carnaval!

11 Comments:

  • Giro, muito giro! Muito colorido!
    Pergunto-me porque será que a Ana associou 'palhaço' com 'Carnaval'? Não seria mais o 'Circo'?
    Muitas das coisas que 'aprendemos' na escola levam implícitas estas associações que não chegamos a questionar... depois dão em verdades absolutas que ninguém contesta... E quando contestam, são uns desalinhados, excluídos, instigadores da desordem, ... Vejam lá, tudo está relacionado com a Educação, mas nem tudo pode estar relacionado com a escola.

    Bom Carnaval para todos!

    By Blogger Carlos Silva, at 2/27/2006 12:21 da tarde  

  • Ok, Ana, tudo bem. Mas quando questionei o 'palhaço' não queria dizer que não serve, e bem, para ilustrar o Carnaval.
    Queria apenas questionar o valor absoluto do conhecimento que, por vezes, se faz passar na escola sem uma ponta de questionamento e argumentação, quando, na realidade, está impregnado de relatividade e dependente dos contextos.
    Exemplos simples para me fazer entender:
    - Porque é que na escola sempre que se fala no Inverno se refere a neve, quando em Portugal só numa ínfima parte do nosso território isso é verdade?
    - Do mesmo modo, porque é que quando se fala de Outono se invoca a imagem das folhas a cair das árvores, quando há árvores de folhas perenes (acho que é assim que se diz...)?
    - Por que é que são sempre os avós a contar histórias às crianças? Será que todas as crianças têm avós em casa?

    Questionamento mais geral, a precisar de ser melhor estruturado:
    - Por que será que a ‘informação’ (e não digo conhecimento, de propósito) que se ‘passa’ (também é intencional) nas escolas (veja-se os nossos manuais escolares) apresentam quase sempre situações citadinas, onde se identifica uma certa maneira de viver da ‘cultura dominante’, esquecendo/ignorando (escolham vocês, se virem diferenças) outros contextos, outras formas de estar e viver?
    - …

    Um, dois, três, digam lá vocês… outros exemplos que ilustram este raciocínio, ou não concordam?

    By Blogger Carlos Silva, at 3/01/2006 1:55 da manhã  

  • Afinal, Ana, tem razão!

    Enquanto estava a trabalhar no computador, por um acaso a minha filha Rita (5 anos) viu a imagem no monitor e riu-se (com uma expressão que só visto!):
    Que engraçado! — disse.
    Então, perguntei-lhe:
    — O que te faz lembrar?
    O Carnaval! — respondeu com prontidão.
    Não totalmente convencido da resposta, insisti:
    — E mais...?
    Palhaços!
    Não estava nada satisfeito:
    — Oh, claro! E além disso?
    Seguiu-se um silêncio de quem já tinha dito tudo e não percebia a minha insistência. Impaciente, segredei-lhe ao ouvido:
    — C i r c o !
    Confetes! — retorquiu, num tom firme e convicto. Era de mais para mim; desisti...

    Admito, há alunos que sabem mais que os professores e nem sempre por causa dos professores, apesar dos professores.
    Também se pode dizer que há alunos que se tornam em bons professores e nem sempre por causa da formação inicial, apesar da formação inicial.

    By Blogger Carlos Silva, at 3/02/2006 11:41 da manhã  

  • Bem, Ana, as suas respostas são sempre, para mim, ‘desconcertantes’, mas reveladoras. Explico-lhe porquê (vou fazer aqui um tratado que nunca mais vai ter vontade de me responder!): aquilo que a Ana diz é claro, é simples, objectivo, às vezes, demasiado óbvio, mas o certo é que ninguém o tinha dito até então, com a desculpa de ‘parecer’ tão evidente! Isto é falacioso e serve de desculpas para quem não se expõe, não vai à luta, ...
    Muitas vezes chego a pensar, perante as respostas da Ana: Será que já tinha colocado ‘esta’ hipótese? A resposta tem sido, invariavelmente, no sentido de perceber que a Ana utilizou um conhecimento que identifico e ao qual lhe atribuo valor, mas que, nas circunstâncias concretas, não fui capaz de associar. Isto é uma competência muito importante: a análise, a síntese, a procura do essencial, a correlação entre factores, …, que nem todos conseguem desenvolver nos momentos mais necessários (falo por mim, pois é só ver este comentário).
    Em face desta característica que lhe estou a atribuir, não sei se alguma vez foi acusada de demasiado pragmática ou até de distante ou fria; eventualmente, de calculista? Admito que os termos são fortes, pelo que se não for verdade, pode-me bater; não o fiz por maldade, queria apenas perceber um pouco mais a génese das suas análises/intervenções.

    Ainda o Carnaval! Também não é uma época que aprecie muito. Consigo envolver-me agora mais pelo lado paternal ao participar nas brincadeiras da Rita.
    A propósito, fico (ficamos, pois a minha mulher também leu) muito agradecido pela lembrança da Rita. Quero também aproveitar para tornar público a minha alegria pelas palavras carinhosas que muitos de vós têm-me dirigido a propósito da Rita. Quero crer que não passam de preocupações passageiras e que tudo voltará rapidamente ao normal.

    Mas, ainda a imagem que temos do Carnaval. Na lógica do que fui dizendo nestes comentários, sofremos também aqui de episódios de massificação e globalização, na minha opinião, de mau gosto. E digo isto porque não só não têm nada a ver connosco, como ainda por cima são muito mal copiados, descaindo até para o ridículo. São fenómenos de aculturação pela globalização que nada acrescentam à nossa cultura, à nossa forma de nos identificarmos, contribuindo também para um mal estar geral, pois não reconhecemos em muito do que fazemos algo genuinamente nosso, para o qual pudéssemos continuar a contribuir. Se calhar, daí o nosso fado… Imagino que também deve haver experiências que contraria esta ideia!

    Ora, para acabar (demorei a chegar onde queria; entretanto, fui dizendo outras coisas), esta postagem do Carnaval leva também à discussão do sentido do LOCAL e do GLOBAL que a escola deve contemplar de uma forma equilibrada. O resultado deste desleixo, que passa pela escola, pelos materiais e exemplos que se utilizam no processo de aprendizagem, penso estar relacionado com as assimetrias que assistimos entre interior e litoral, entre urbano e rural, eventualmente ainda entre homem e mulher, ...

    By Blogger Carlos Silva, at 3/06/2006 9:49 da tarde  

  • Luciana, apesar de já ter dito muito (de mais no último comentário), não queria, ainda assim, deixar de pensar na sua dedução. Acho que se aplica a mesma regra que explicitei para a Ana: Não é que é verdade? Óbvio, até. Há também alunos que, apesar da formação inicial, não ‘parece’ que venham a ser ‘grandes’ professores…

    Bem, agora que escrevi, parece-me demasiado fatalista, não só para os professores em causa, como para os próprios alunos que os vão ter. Acho que é um pensamento demasiado determinista, que não deixa espaço para o crescimento pessoal e profissional, numa lógica de formação ao longo da vida, onde afinal as pessoas se fazem profissionais. Não é esse o meu ideário. Quero acreditar que, mesmo nesses casos, em que possam ter revelado dificuldades na formação inicial, também eles consigam, a partir da própria formação inicial e das suas experiências profissionais, fazerem um esforço, trilharem um percurso, no sentido da melhoria das suas práticas. É isso que caracteriza o sentido do profissionalismo docente, parece ser isso o melhor legado que a formação inicial do IEC deixou, segundo as vossas palavras.

    Por isso, embora possa compreender o sentido das suas palavras, Luciana, compete-me dizer e, mais do que isso, acreditar que as coisas não são lineares e há espaços e formas para contrariar essa lógica.

    By Blogger Carlos Silva, at 3/06/2006 9:58 da tarde  

  • Desculpa Luciana se te baralhei. Apaguei os dois últimos comentários, pois tinham algumas imprecisões. Agora espero que estejam melhores e que os possas ler à vontade.
    P.S. - Gostei da 'defesa' da amiga.

    By Blogger Carlos Silva, at 3/06/2006 10:01 da tarde  

  • Ok, também concordo, Ana e Luciana. O sabor e o saber da experiência, como algo que se constrói com/na profissão, faz todo o sentido. Falta definir como podemos estimar o papel da formação inicial, embora pareça inegável que a sua estruturação em bases sólidas (isto continua em discussão) possa potencializar esse processo de formação e aprendizagem ao longo da vida.

    Ana, ainda para si. Não gosto de insistir, nem precisa de responder, mas reparei que replicou, e bem, as palavras afáveis da Luciana, sem se referir à primeira parte do meu comentário, onde lhe lanço uma 'provocação'. Sei que a Ana não é de fugir às questões, pelo que fiquei sem perceber se foi esquecimento ou foi intencional... Ainda assim gostava de saber se o que eu disse sobre a sua maneira de ser e reagir lhe suscitou alguma reacção, até por questões de direito de réplica ou defesa do seu ponto de vista. E isso passa também pelo silêncio, se assim desejar; é uma opção legítima que merece o meu respeito.

    Só uma nota final para dizer que não percebi o sentido da questão que levanta...

    By Blogger Carlos Silva, at 3/08/2006 1:45 da manhã  

  • Olá Ana. Depois de ler o seu comentário, acabei por sorrir... E digo-lhe porquê:
    - Gostei da sua resposta, na lógica do que lhe disse, acabou por me desarmar, mais uma vez... Está muito interessante (não esquecerei a pergunta, agora que entendi).
    - Depois, percebi que me meti em trabalhos, pois vou ter que digerir o que disse, voltar a (re)formular o meu pensamento e, finalmente, dar-lhe uma explicação plausível e justificada, tarefa que não se vislumbra fácil (se ainda achar que vale a pena insistir no mesmo raciocínio).

    Ainda assim, acho que me vai dar gosto. Vou tentar também (não sei se serei capaz de dar prova disso) recentrar as questões no âmbito da construção do conhecimento profissional, pois é disso que estamos a falar. Gostava também de aproveitar para desafiar as outras pessoas a ‘intrometerem-se’ nesta discussão, numa postagem que nasceu a propósito do Carnaval, de um palhaço tudo colorido,...

    Agora vou descansar; acabei de dar um biberão inteiro à bebé. Vim espreitar o blog e deu nisto ... O leite foi todo, todinho; é um consolo! Amanhã (hoje!) é também um dia especial, pois faz anos a minha mulher e tenho uma agenda muito cheia de planos que espero concretizar.

    Entretanto, porque têm sido muito simpáticos, desejando a rápido restabelecimento da Rita, digo-vos que hoje também soube, afinal, o que se passa com a Rita. Finalmente, tivemos acesso aos resultados de umas análises complementares: uma infecção pelo vírus 'citomegalovírus'. Enfim, uma trapalhada, algo que pode estar para durar e dar que fazer, mas, apesar da preocupação e de desgaste físico e emocional, esperamos que acabe por passar e volte tudo ao normal. Obrigado pela atenção! Acreditem que é importante para mim.

    Continuação de bom trabalho!
    (Se sabia que ia escrever tanto, mais valia ter respondido logo à Ana... se ficou curiosa, já valeu a pena).

    By Blogger Carlos Silva, at 3/09/2006 2:00 da manhã  

  • Ainda não vai ser desta... Agora à noite já fiz dois comentários, mas não tenho discernimento para mais. Fica para amanhã. Espero que não leve a mal, Ana.

    Ainda assim para que saibam, os planos que tinha para o dia de aniversário da minha mulher saíram furados. Acabámos por passar umas ‘boas’ horas no hospital, tentando perceber melhor o que se passa com o estado de saúde da Rita. Agora está em casa sob vigilância, à espera que dias melhores cheguem; e certamente vão chegar, mas até lá… tem sido desgastante.

    By Blogger Carlos Silva, at 3/11/2006 3:32 da manhã  

  • Olá a todos; olá à Ana, em especial, pois este comentário tem com objectivo responder às suas dúvidas (não sei se serei capaz; o texto é longo, mas as circunstâncias e o estilo assim o fizeram). Ainda assim a intenção é esclarecer, desenredar e fazer justiça:
    - Esclarecer porque não quero que fiquem dúvidas sobre as minhas verdadeiras intenções, para além de procurar outros sentidos paras as palavras e outras palavras para os comportamentos;
    - Desenredar porque não queria que isto se tornasse em algo muito complicado e na esfera da análise pessoal, se é que isso aconteceu;
    - Fazer justiça porque tenho da Ana uma imagem muito positiva, de uma pessoa capaz, para além de acreditar também que, pelo que conheço, é uma excelente pessoa.

    Mesmo com as palavras que empreguei (adiante vou discuti-las), espero mesmo que tenha compreendido os textos anteriores, porque a análise que fiz não tinha em nenhum momento um sentido depreciativo da forma de ser e de agir da Ana. Pelo contrário, a ideia que quis dar (vejo, agora, que é susceptível de outras interpretações) é de uma pessoa que consegue ser muito perspicaz (concordo, “boa ouvinte e observadora”), mesmo nas situações eventualmente mais complexas e intrincadas. Daí o sentido ‘desconcertante, mas revelador’ porque consegue, como que por ‘toque de magia’ (isto precisa de ser explicado!), transformar algo denso, pouco perceptível, de entendimento complexo, em algo ‘simples, claro, objectivo’, e também ‘demasiado óbvio’. Este ‘demasiado óbvio’ não se refere à facilidade, antes ao raciocínio que torna as coisas claras, perceptíveis. Daí também o meu comentário: apesar de “demasiado óbvio” o “certo é que ninguém o tinha dito até então, com a desculpa de ‘parecer’ tão evidente! Isto é falacioso e serve de desculpas para quem não se expõe, não vai à luta, ...”, o que nitidamente não é o caso.

    Na minha óptica o mais difícil é fazer simples. É nesse sentido também que rotulei os seus comentários de ‘demasiado óbvios’ porque, no meu entendimento, revelam facetas das discussões/reflexões muito interessantes que, parecendo simples, revelam uma ‘riqueza interior muito fértil’ (igual a ‘toque de magia’ – está explicado). Daí que também concordo com o seu desabafo: “Eu que até pensava o contrário da minha pessoa”.
    Não sei onde ouvi ou li, mas há uma frase que sempre me perseguiu (não me recordo, agora - se calhar estou a cometer uma heresia, pois pode ser de alguém famoso). A frase é a seguinte, no original: “Keep it simple and stupid”. Retirando o estúpido (acho que se aplica mais para às massas dos EUA), o mérito mesmo é manter as coisas simples, pois temos a eterna mania de complicar (falo por mim), e isso tende a deturpar a mensagem, o sentido dos nossos sentimentos, das nossas percepções. Acho que foi um pouco isso que aconteceu no texto que escrevi (continua a ser o risco que incorro com este texto). De qualquer forma, custa-me imenso desistir de um discurso relacional e dialéctico, tanto do ponto de vista emocional como cognitivo (inteligências múltiplas), que tende a vestir o discurso com franjas de ruído na comunicação, de entendimentos dúbios, com uma carga interpretativa muito preponderante.

    Outra das situações que gostava de ver esclarecida está relacionada com o facto desta postagem dedicada ao Carnaval também poder ter implicações na construção do conhecimento profissional. Assim, as características que descrevi e que aqui tentei evidenciar (no caso, relacionadas, na minha opinião, com a Ana, mas que podem ser discutidas em relação a outras pessoas que participam nesta investigação), para mim, enquadram-se num perfil profissional do professor, essencial para trilhar o caminho da formação e da aprendizagem ao longo da vida. Daí considerar que esta postagem e os comentários que temos vindo a fazer estarem intrinsecamente relacionados com a construção do conhecimento profissional.
    Esta situação também pode entroncar com a pergunta que faz: “…A questão é saber se também os professores o fazem, ou fizeram, ao longo da formação inicial?”. Ora bem, quer a versão oficial ou aquela que era fruto das nossas conversas informais?
    Vou ficar por uma resposta mais formal (outros entendimentos, deixo ao critério de quem lê). Do ponto de vista da formação, a projecção das competências adquiridas para os contextos profissionais é algo fundamental, pois ajuda-nos a pensar nas formas de fazer a aproximação entre essas realidades, no sentido de uma influência mútua. Ora, tudo isto não se faz sem a componente humana, pelo que nos preocupa perceber desequilíbrios ou desajustes entre dimensões, que não deviam estar desligadas, mas que aparecem, muitas vezes, como campos estanques. Refiro-me aos aspectos teóricos, práticos e sócio-relacionais da formação. A própria formação deve pensar nestas dimensões de uma forma integrada, pois só assim se concebe um perfil profissional capaz de responder aos desafios da prática.
    Em face disto, posso dizer que também nós procurámos projectar os caminhos a percorrer em face dos níveis de desempenho alcançados pelos alunos, procurando introduzir no processo de formação indicadores claros acerca desses níveis, e os níveis que potencialmente poderiam alcançar, tendo presente a necessidade de desenvolverem um projecto pessoal e profissional ao longo da vida (que é o tema da próxima entrevista). Para além deste discurso, é provável que houvesse outro, baseado neste, mais personalizado que procura, sobretudo, o mérito, a análise e superação das dificuldades, o desenvolvimento de competências, …

    Depois, Ana, para lhe responder à sua questão, “Já agora… porquê ‘perceber um pouco mais a génese das [minhas] análises/intervenções’”, tenho a dizer-lhe o seguinte. Porque me interesso pela natureza do raciocínio, pela génese da reflexão. A percepção de como as pessoas processam a informação e a tornam em conhecimento, os processo envolvidos nessa ‘transformação’ podem ser eles próprios uma forma de melhorarmos as nossas reflexões, a nossa forma de pensar, ao mesmo tempo que conhecemos as pessoas, naquilo que elas têm de mais interessante que é o intelecto (mais uma vez a questão das inteligências múltiplas), muito para além dos aspectos exteriores, físicos, tão valorizados pelos tempos modernos. Isso é fascinante para mim. O pensamento da Ana, a sua forma de reagir, insere-se nesta lógica e daí a minha ‘provocação’, que espero não a tenha melindrado, pois cheguei a pensar que – talvez – eu tivesse pisado o risco e isso não queria que acontecesse. Se alguma vez pressentiu essa ‘invasão’, peço desde já as minhas sinceras desculpas.

    Assim, para terminar, procurando fazer justiça, das palavras que utilizei, depois de voltar a ler o texto e a pensar naquilo que realmente queria dizer, aqui ficam outras palavras que procuram ser mais ajustadas aos pensamentos que procurei explicitar. Mantenho o ‘pragmática’ e acrescento-lhe ‘organizada’. Substituo ‘distante, fria e calculista’ por ‘metódica’. Corroboro de ‘boa ouvinte e bastante observadora’, que combinam com ‘selectiva e perspicaz’.

    Pronto! É tudo. Estamos esclarecidos? Por mim desisto, pois este tipo de análise e desgastante.

    By Blogger Carlos Silva, at 3/12/2006 1:26 da tarde  

  • Olá, Ana.
    Demorei (sabe bem porquê), mas vou comentar a sua resposta, até porque tem sido (foi?) das postagens que me deu mais gozo e que corresponde ao sentido que gostava que o blog seguisse: aberto, flexível, interessado, curioso, enigmático, apaixonado, desinteressado, colorido, íntimo, pessoal, divertido, sério, bem-humorado, …

    Ainda bem que não se sentiu ofendida. Também pensei que não, mas não me sentia bem sem colocar essa hipótese (não somos todos iguais…).

    Nem sempre acerto, muitas vezes consideram-me injusto. Não se esqueça que a conheci há já alguns anos e que tive a oportunidade de conviver consigo durante a sua formação inicial. Agora há pessoas que conheço há mais tempo e parece que cada vez mais não sou capaz de as reconhecer… Isto está relacionado com a forma coerente, empenhada, dedicada com que se entregam ao trabalho, a fazer aquilo que gostam. E digo-lhe, nem sempre faço o que gosto, e isso é fácil de ver… Já viu, nos professores, acontecer que não gostam daquilo que fazem? Mesmo que digam que o fazem de uma forma profissional, será que os resultados serão os mesmos?

    ‘Toque de magia’ sim, no sentido que corresponde à lucidez dos pontos de vista e das ideias que a Ana apresenta, em face das situações. ‘Toque de magia’ sim, para atenuar a imagem amarga que ficou com as palavras menos felizes que utilizei.

    Costume dizer que a escrita é, para mim, um acto de sofrimento, mas também de lucidez e de revelação. Por isso, a escrita é, pessoalmente, um processo demorado, de opções e decisões complexas, tanto do ponto de vista do conteúdo, como da forma. Ainda assim, quando gosto do resultado final, há uma satisfação interior que é difícil descrever, mas que me traz uma sensação de bem-estar, de realização, de diálogo, de compreensão. Depois disso surge de novo a inquietação. Então, estou de novo pronto para outra aventura… Entre estes momentos as coisas podem ser dolorosas, até que se faça de novo luz. É um ciclo, como o ciclo da vida, como quem ensina e faz com que a aprendizagem aconteça, e ainda assim questiona se era aquilo que queria que acontecesse… Se é que alguma coisa está relacionada com o que vamos fazendo.

    By Blogger Carlos Silva, at 3/25/2006 6:15 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home