Ser Professor do 1.º Ciclo

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Restrições: como ultrapassá-las?

Ao longo do estágio estamos inseridos em comunidades escolares seleccionadas pela Universidade e são raras as vezes que, para fazer aquela ou esta actividade, olhamos a custos financeiros e humanos. O importante, muitas vezes, é conseguir concretizar algo de divertido, significativo e diferente.

Quando nos deparamos com contextos onde não podemos fazer o mesmo por restrições financeiras, por limitações dos colegas ou por demais factores, tal pode criar em nós um pequeno sentimento de insatisfação que, com o passar do tempo e com o acumular de situações pode alimentar uma frustração que nos corrói.

E tu já experimentaste esta sensação? O que fizeste para a minimizar ou atenuar?


Ana Tavares e Luciana Ferreira

3 Comments:

  • Já há algum tempo que tinha reparado nesta postagem e pensado na sua importância. Esperei para ver os comentários. Apesar da intenção da Ana e da Luciana de provocar uma discussão sobre este tema (os recursos materiais), e das intervenções meritórias da Paula e da Beatriz, parece-me que não se foi muito longe nesta temática tão decisiva para escola básica.
    Aliás adivinho aqui também, da parte da Ana e da Luciana, uma estratégia de intervenção que se insere naquilo que conversámos na entrevista, no sentido de fazer do blog algo mais participado e relacionado com as vossas preocupações. Por essa intenção deixo aqui o meu reconhecido agradecimento.

    O problema dos materiais de suporte às actividades curriculares na escola do 1CEB é recorrente e mal resolvido. Algumas ideias que tenho vindo a ponderar, sem pretender ser exaustivo:
    – O princípio básico seria, se a educação é, pela nossa Constituição, gratuita, então, também os materiais, os meios para promover esse desígnio o deveriam ser.
    – O princípio da autonomia da gestão e organização dos Agrupamentos devia passar também por uma efectiva e substantiva responsabilidade financeira que devia contemplar, sobretudo, porque é para isso que as escolas servem, a gestão do desenvolvimento curricular e de todos os seus materiais de apoio. Sem este princípio não temos escola básica gratuita, nem a garantia da construção de ambientes de aprendizagem de qualidade.
    – Como sabemos que os dois primeiros itens, neste país, são utopias, temos que transformá-los no princípio do utilizador-pagador, com os riscos evidentes que isso pode trazer na descriminação/diferenciação dos contextos e no desinvestimento das propostas curriculares.
    – Pode, depois, haver o meio-termo, onde existe algum esforço e criatividade para compensar este défice de suporte escolar, que reduz a prática pedagógica à ideia parca do papel e lápis. Mas aqui também é preciso cuidado, pois já não há mais espaço para caixas escolares (proibidas) e para contribuições dos pais (ilegais).
    – Não aceito, e tenho discutido com a minha mulher (que é também professora do 1CEB) pela evidência que o professor do 1CEB não pode pagar do seu bolso para poder trabalhar como entende que deve ser o seu dever/trabalho. Isto é, de facto, uma perversidade, porque se pretende fazer o que quer tem de pagar, caso contrário compromete o seu desempenho porque não tem as condições que deseja.
    – Vejam, por exemplo se um médico paga a parafernália de apetrechos que existem num hospital; já viram um bancário levar o seu computador para ligar à base de dados do banco, ou a levar uma simples caneta e papel para fazer as contas dos seus clientes?

    Nota: Como estamos longe do essencial nas escolas. Recordo uma conversa com uma aluna ERASMUS holandesa (presumo que a Ana também estava presente) sobre as condições materiais das escolas. Dizia-me que tinham os armários cheios de materiais que utilizavam na sala de aula e se, em função da planificação, precisassem de outros materiais, faziam uma requisição.

    By Blogger Carlos Silva, at 3/11/2006 3:18 da manhã  

  • Ana, tenho muita pena dos meninos, mas aquilo que é fruto do seu esforço, presumo que não é para ser distribuído pelos alunos da escola, ainda que deles goste muito, e acredito que sim.
    Não vejo um Banco a distribuir lucros pelos seus clientes (a não ser que jogue na bolsa).
    Ora aqui aplica-se, então, melhor a descrição da Paula: deve haver um fundo seguro (Agrupamento), sem que isso menospreze ou coarcte outras hipóteses de financiamento, mas nunca do bolso do professor.
    Em última instância, vou ‘fechando os olhos’ aos adiantamentos (por causa da urgência, da burocracia), mas nem isso me agrada (discordo, até).
    Voltando às conversas com a minha mulher, costumo dizer-lhe que não tenho cara de ‘Caixa de Previdência’ ou de ‘Caixa Geral de Depósitos’, para estar a adiantar e a emprestar dinheiro a pessoas que eu não conheço e que não são das minhas relações. E reparem, não se cobra juros e ainda há capital que é de risco, pois é difícil reavê-lo.
    Quanto ao facto de isso implicar as crianças, de prejudicá-las, parece-me que não há nada melhor do que ser sincero com os pais. Se estes forem sensíveis aos argumentos dos professores, talvez aí se possam colocar algumas 'soluções criativas' e os recursos vão aparecendo…
    Mas não é solução; são arranjos à boa moda portuguesa. Se calhar, é por isso que, neste como noutros assuntos, continuamos eternamente nos ‘arranjos’, no ‘provisório’, no ‘desenrasque’... e vamos aceitando, tolerando coisas que não parecem justificáveis num mundo dito justo, fraterno, solidário.
    Ainda assim, mudando um pouco a agulha da discussão, gostava de saber a opinião de quem está ou esteve no ensino privado. Como se colocam estas questões dos materiais escolares na iniciativa privada? Talvez o ensino público pudesse aprender alguma coisa com essa experiência?

    By Blogger Carlos Silva, at 3/12/2006 2:11 da manhã  

  • Há mais gente que tem experiência profissional no ensino privado que ainda não se manifestou. Vá lá, o que pensam acerca dos recursos materiais necessários à prática pedagógica; o que diz a vossa experiência?

    By Blogger Carlos Silva, at 3/25/2006 5:41 da tarde  

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