Ser Professor do 1.º Ciclo

sábado, março 25, 2006

A Rita está melhor!

Olá a todos.

Como podem ver há novidades no blog (novos posts, comentários aos vossos comentários). Procuro dar um forte incentivo para que todos participem com mais frequência e maior intensidade. Assim espero.

Ainda assim, um post para agradecer a TODOS as vossas palavras de amizade e carinho, que me encheram de alegria, a propósito da doença da Rita. Aquilo que me apraz dizer, e é nisto que me quero concentrar, é que a RITA ESTÁ MELHOR! Aqui fica, pela Rita, por mim (também pela mãe da Rita), o nosso sincero obrigado.

Nota: um link para quem quiser saber um pouco sobre aquilo que afectou a Rita. Tratou-se de uma Glomerulonefrite pós-estreptocócica, ou seja uma inflamação dos rins após uma infecção por uma bactéria da estirpe dos streptococcus. Não se assustem com os nomes e nem tudo o que diz aconteceu com a Rita. Provavelmente, segundo diagnóstico médico, foi uma infecção na garganta que acabou por provocar a inflamação dos rins. É algo raro (na proporção de 1 para 10000) mas que pode acontecer...

Práticas inovadoras... ?

A propósito do post anterior, e partindo do princípio, a acreditar no que vêm dizendo neste e noutros momentos desta investigação, que a vossa formação inicial contribuiu para a construção de um perfil de professor inovador (ou não?), como podemos, então caracterizar as vossas práticas profissionais? E como posso verificar isso (a inovação) nas vossas práticas/preocupações quotidianas de professores em período de indução profissional?

Professor tradicional vs. Professor inovador

No seguimento de vários comentários que ficaram para trás neste blog, queria voltar aqui à questão do perfil profissional do Professor do 1.º Ciclo do EB, visto de uma forma muito dicotómica no binómio ‘Professor tradicional’ vs. ‘Professor inovador’.
Para a reflexão desta questão sirvo-me das palavras da Dra. Isabel Candeias, retiradas de uma troca de mensagens de correio electrónico.

“… Continua a fazer falta clarificar o conceito de "ensino tradicional". Na maneira como estão a ser feitas as referências, estão a misturar-se posições conceptuais diversas. No ensino tradicional estão a ser colocados defeitos e qualidades numa sobreposição de concepções. O que está em causa é o papel do professor e do aluno e os sentidos que são dados ao processo de ensinar e ao processo de aprender. Se a intenção primordial do professor é que os alunos aprendam é possível que o professor desenvolva processos tradicionais de ensino? Que processos são esses? E que aprendizagens apoiaram? É uma aprendizagem de conceitos, de factos, de fazeres desligados do todo? Ou é um aprender integrado e útil?
Para que o aluno aprenda de forma integrada e útil, com significado para cada um (para cada um dos alunos) que estratégias de ensino o professor deve considerar prioritárias? Essas estratégias são compatíveis com a visão de ensino tradicional?
É preciso aclarar isto tudo. Senão, podemos estar a falar de coisas diferentes usando as mesmas palavras, e podemos estar a ofender alguns óptimos professores que consideram que muitas das metodologias ditas tradicionais podem ser o centro do seu ensino, tendo, no entanto, a certeza de que os seus alunos desenvolveram o sentido crítico, a cidadania como vivência humana e a procura do saber. Mas também o rigor, a atenção, o respeito. Aqui há contradição?”.

Podem comentar estas palavras da Dra. Isabel Candeias, podem reflectir acerca das várias interrogações que nos são lançadas. Se mais não quiserem, deixo, então, um desafio, como outros que já fiz:
– Identifiquem uma característica para o professor dito de ‘tradicional’ e uma outra característica para o professor dito de ‘inovador’.

domingo, março 19, 2006

Diversidade de Culturas/Religiões


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Neste blog muito se tem falado sobre a gestão da diversidade dentro da sala de aula. E a gestão da multiplicidade cultural? Num qualquer contexto educativo não existe só diversidade em torno das questões curriculares mas, também em torno das emoções, dos sentimentos, dos ideais e das crenças. A diversidade de culturas é um facto cada vez mais comum hoje em dia e constitui uma mais valia para qualquer turma ou escola. A partilha de experiências potencia nas crianças sentimentos e situações de aprendizagem cada vez mais emergentes e determinantes para um indivíduo de uma sociedade global, tolerante e com sentido cívico.

Porém, como reage um professor perante as diversidades culturais, isto é, como é que um professor derruba barreiras de língua ou de crenças dentro de uma sala de aula? Esta pergunta sempre me inquietou, agora mais que nunca! Recentemente, fiquei colocada numa nova escola (vá lá que agora é até ao fim do ano lectivo), numa turma de 1º ano onde me deparei com dois casos que cabem neste post: o H., um menino holandês rotulado como “preguiço” e “pouco inteligente” e o J., um menino cujo pai é Testemunha de Jeová. Perante tal cenário, confesso que fiquei um pouco apreensiva, não tanto pelos casos em si mas pelos ditos “rótulos”. Ao longo da semana fui conhecendo a turma e deu para reparar que o H. era marginalizados pelos colegas por ser tímido e estar pouco à vontade e que o J. não era marginalizado pela sua religião (porque, sinceramente, os meninos ainda são tão pequenos que nem se apercebem) mas sim pelo próprio pai que o impede de participar em actividades (mesmo que seja um simples desenho) que estejam relacionadas com feriados ou destas de carácter católico ou pagão (Natal, Dia de Reis, Carnaval, Dia dos Namorados, Dia do Pai ou da Mãe, Páscoa, etc.).

Quanto ao 1º caso, o do H., tento alterar a situação promovendo actividades de grupo de modo a que ele interaja mais com os restantes. Ao fim deste tempo, já o sinto mais alegre e participativo, o que me deixa muito feliz.
A preocupação permanece com o J. Não consigo fazer o que o pai pede, isto é, excluí-lo das actividades! Sei que devo respeitar as suas crenças mas também não percebo porque não pode o aluno fazer um simples cartão para entregar ao pai no dia 19 de Março. Perguntei ao J. se queria fazer o postal para o pai e rapidamente me respondeu que sim. Os olhitos brilharam e eu assim fiz: deixei-o fazer o postal. Não sei se tomei a melhor decisão… Será que, inconscientemente, estou a tentar impor as minhas crenças e as da maioria das crianças e a não respeitar uma escola, que tal como o Estado, deveria ser laica? Mas, e como se sentirá o J. daqui a uns anos, quando tiver consciente da sociedade que o rodeia? Se desde pequenino não é habituado a lidar e a reconhecer a sua diferença, que tipo de cidadão irá ser? Se ele mesmo não reconhece a diferença pode ser capaz de a aceitar e respeitar?

A postagem já se prolonga mas, penso que se trata de um assunto que toca a todos, não?

Gostaria de saber os vossos pontos de vista.

Bom trabalho!

terça-feira, março 07, 2006

Segunda entrevista - a indução profissional

Olá, como estão?

A conversa está interessante, e pode continuar interessante, mas temos de avançar também para outras situações. Como sabem, terminámos, na sexta-feira passada, dia 03 de Março, a segunda série de entrevistas previstas, esta dedicada ao período de indução profissional.

Falámos de várias coisas:
(1) Começámos por verificar alguns aspectos que mais se destacaram, tanto pelo ponto de vista positivo como negativo, relativos à iniciação profissional. Falámos das vossas expectativas relativas à profissão.
(2) Na sequência, identificámos e reflectimos sobre situações problemáticas relativas às primeiras experiências profissionais.
(3) Depois focalizámos a atenção nos problemas ao nível da gestão curricular e pedagógica, nomeadamente através da construção e desenvolvimento de Projectos Curriculares Integrados e da organização de ambientes educativos de qualidade.
(4) Finalmente, procurámos identificar e reflectir sobre as formas de promover a integração profissional dos professores principiantes nos contextos escolares. Terminámos as entrevistas falando um pouco da moderação e participação neste blog.

Sobre estas entrevistas tenho a dizer que fiquei muito satisfeito. Gostei das conversas, gostei dos diferentes contributos, gostei do clima de serenidade e empatia com que decorreram, gostei da maturidade que senti na defesa das vossas causas.

No final da entrevista tentei conduzir a conversa para uma análise da moderação e participação no blog, depois de algumas dúvidas que tive acerca do andamento do mesmo. Falámos também acerca da necessidade de tomarmos decisões sobre novas formas de dinamização e participação. Para além do vosso pedido para manter a moderação do blog, através da publicação faseada da análise preliminar das entrevistas e dos registos escritos, todos concordaram em tentar fazer do blog algo mais próximo do quotidiano dos professores, mais intimista. Nesse sentido, propôs-se que o blog podia, sobretudo, ser um espaço de partilha de experiências, episódios, incidentes críticos, próprios do período de iniciação profissional.

Pois bem, cá fico à espera das vossas ‘postagens’. Cá fico também à espera dos registos escritos para poder reverter algumas das vossas tendências para a discussão aqui no blog.

Para terminar, gostaria de sugerir, para além de outras coisas que queiram dizer, a possibilidade de aproveitarem esta postagem para comentarem esta entrevista e mais uma ou outra coisa que me deixou curioso:

- Como se sentiram a falar das vossas primeiras experiências profissionais, como é para vós expor (tornar visível) as dificuldades próprias deste período de trabalho tão especial?
- Afinal, quais foram os sentimentos dos primeiros passos como professores por vossa conta e risco? Parece-me que ninguém disse que lhe apeteceu fugir!
- Que expectativas tinham sobre a profissão e quais as que prevaleceram ao impacto das primeiras experiências profissionais?

Nota: Respondam apenas ao que vos interessar.