Ser Professor do 1.º Ciclo

sexta-feira, maio 05, 2006

Terceira e última entrevista – o projecto profissional e pessoal

Olá, como estão?

A conversa tem estado entre o calmo e o relaxado, para não dizer ‘desleixado’; é apenas mais uma “provocação”, até porque seria injusto, pelo menos para algumas pessoas que têm dado vida ao blog. Terminei na terça-feira, dia 2 de Maio, a terceira série e última de entrevistas, esta dedicada ao projecto profissional e pessoal, enquanto professores do 1CEB, a atravessarem um período de indução/iniciação profissional.

Falámos de várias coisas:

(1) Começámos por falar de alguns traços de identidade relativos ao perfil profissional do professor do 1CEB, discutindo também as relações do perfil profissional com as funções atribuídas à escola e as exigências da sociedade;

(2) Na sequência, tentámos analisar e reflectir acerca da profissionalidade docente nos professores do 1CEB, onde esteve em causa o saber profissional e o profissionalismo docente (monodocência e a coadjuvação, relacionamento entre pares e institucional, transições de níveis, ...).

(3) Depois focalizámos a atenção nas condições organizacionais/estruturais da actividade profissional (condições materiais e organizacionais, mobilidade docente e concursos dos professores);

(4) Procurámos ainda analisar o estatuto/papel da actividade profissional dos professores do 1CEB no contexto actual da escola e da sociedade moderna (questões de género, reconhecimento social, valorização profissional, escola pública/escola privada, funcionalismo público/profissão liberal);

(5) Reflectimos sobre o papel da construção e desenvolvimento do Projecto Curricular de Turma no projecto profissional do professor do 1CEB;

(6) Finalmente, como súmula da entrevista, tentámos identificar as características que podem definir o perfil profissional que procuram desempenhar (dimensões da intervenção do professor do 1CEB, motivações, relações e incompatibilidades entre o projecto profissional e pessoal).

Sobre estas entrevistas, como nas situações anteriores, devo dizer que fiquei agradado com o ambiente criado, com o nível de empatia, com os diferentes contributos. Verifico que há, regra geral, uma necessidade/vontade de falarem dos vossos casos particulares, que não é traduzida, pela mesma medida, na participação do blog. Por que será? Acho que já falámos sobre isso durante as entrevistas. Se quiserem acrescentar mais alguma coisa, ainda que possa parecer ‘mais do mesmo’…

No final da entrevista, mais uma vez, tentei conduzir a conversa para uma análise da moderação e participação no blog, depois de manter algumas dúvidas acerca do andamento do mesmo. Já sei que muitos de vós não pensam o mesmo, também tenho consciência, como já disse, que há diferenciação no nível de participação, pelo que se torna injusto fazer-se uma análise linear. Acho que também não quero mais manter este ar de permanente insatisfação (diga-se, interpretado por alguns, de elevada exigência). As coisas são como são; neste momento parece-me mais razoável deixar acontecer… ainda que segundo alguns momentos a ponderar.

Pois bem, cá fico à espera das vossas ‘postagens’ e comentários. Cá fico também à espera dos registos escritos para poder reverter algumas das vossas tendências para a discussão aqui no blog.

Para terminar, gostaria de sugerir, para além de outras coisas que queiram dizer, a possibilidade de aproveitarem a postagem para comentar esta última entrevista. E, já agora, aceitem este desafio:
- Numa entrevista que falou de perfil profissional dos professores do 1CEB, como se definem, afinal, como professores. Qual é o vosso ponto forte e qual é o vosso ponto fraco? Aceitam este desafio? Respondam lá!


Nota: Claro está, peguem por onde vos interessar; assuntos, parece não faltarem!

7 Comments:

  • Bem, comentários breves aos vossos comentários e não aceito negas.

    Ana: Quero mais! Está bem o que disse, mas não chega… Nem quanto ao perfil, nem quanto à sua caracterização enquanto professora. Certamente, vale muito mais do que disse…

    Joana: gosto de ‘perfeccionistas construtivistas’! À partida parece-me um pleonasmo… Acho até que inventou uma nova categoria de professores. Essa de “vocês sabem do que eu estou a falar…” não me convenceu…

    Luciana: Como já viu e percebeu, há uma alternativa a funcionar (o blog para os comentários, que permite a participação, no limite, a todos os professores do 1CEB formados pelo IEC). Aquilo que a Luciana disse é também um repto para si, como mestranda na área das TIC (a seu tempo, gostaria de passar a pasta do blog). No que puder e souber, conte(m) comigo.

    Beatriz: Fico à espera dos resultados… dos alunos e do registo escrito! Prometo que também vou fazer esse exercício… num comentário mais para diante (no 1CEB uma das melhores estratégias de aprendizagem passa pelo exemplo… para o bem e para o mal).

    Quanto ao meu exercício (ponto forte, ponto fraco), estou na dúvida… fica para amanhã!

    By Blogger Carlos Silva, at 5/14/2006 2:25 da manhã  

  • Também sou professor. Melhor dito, defino-me antes de mais como professor, com tudo o que isso tem de reflexão, análise, acção, intervenção, colaboração, investigação. Isto tudo, para além da função docente, no ensino superior, implicar, do ponto e vista formal, o papel de investigador. Já o reneguei mais… Agora, até por questões de prioridade e exigência de carreira, tenho lidado com esta atribuição de uma forma muito mais intensa e em permanente questionamento.

    Bem, ponto forte e ponto fraco, como professor que sou… A dificuldade destas situações é que deixamos sempre coisas de fora e dizemos outras que não sabemos se, de facto, são as mais importantes. Disse Ortega y Gasset: “Eu sou eu e a minha circunstância”: mais explicações para quê… Mas há-de haver uma razão para que assim seja! Só para terminar o pensamento: “e se não salvo a ela não salvo a mim”.

    Pontos fortes. Sou exigente, perfeccionista, entrego-me às coisas que gosto de fazer e esta é uma delas. Disponível. Questiono-me constantemente, tenho na dúvida um método para procurar saber mais e gostaria que os alunos fizessem o mesmo. Procuro conhecer as pessoas e relacionar-me com elas, não só na estreita dimensão instrutiva.

    Pontos fracos. Perfeccionista (sim também), teimoso. De ‘gancho’, quando implico com alguém (preciso de resfriar os ânimos…). Preciso de cuidar mais a comunicação, a informação. Preciso de me organizar melhor… Gostava/devia ser mais tolerante para com alguma inércia, desleixo, fragilidade, dificuldades, instabilidade de alguns alunos (nestas circunstância, olho, muitas vezes, para mim). A avaliação: como posso exigir se sinto em mim algumas das omissões que revejo nos alunos. Muitas vezes me questiono se seria capaz de fazer aquilo que solicito dos alunos.

    Bem, já está longo e um pouco para além do que estava a pensar fazer. Agora fica assim…

    By Blogger Carlos Silva, at 5/14/2006 4:26 da tarde  

  • Luciana, é para si este comentário. Fiquei a pensar no que disse e no que lhe respondi... Por que não um trabalho nesta área das TIC que envolva os ex-alunos do IEC, aproveitando o facto de estar no Mestrado?

    By Blogger Carlos Silva, at 5/14/2006 4:47 da tarde  

  • Penso que é tudo uma questão de sentarmos e conversarmos. Ainda assim, julgo que há pessoas que devem estar muito interessadas nisso. Desde logo, o Professor Osório, como responsável pelo Mestrado. Depois, as pessoas com responsabilidade na PP do 1CEB: O Professor Fernando Ilídio, a própria Dra. Isabel Candeias. Mesmo a Presidência do IEC, pode estar interessada num projecto dessa natureza. Nesta altura, sendo a Professora Luisa Alonso Presidente do IEC, na medida em que já foi responsável pela PP do 1CEB, pode estar mais sensível para esta questão.
    A hipótese de ser um projecto de Mestrado parece-me significativa, pois concilia um objectivo, uma vontade antiga com uma exigência actual. Vamos pensar nisso, não fechar portas...

    By Blogger Carlos Silva, at 5/15/2006 12:00 da manhã  

  • Boa noite...
    falando do meu perfil profissional, penso sériamente, o seguinte:

    Aspectos positivos: adapto-me às novas situações profissionais, tentando dar resposta às mesmas, conversando, reflectindo, ajustando critérios, conteúdos e estratégias....; tenho uma bo arelaçáo com todos os pares,...procuro fazer sempre o melhor.....

    Aspectos Negativos: estou muito longe de ser um profissional, tenho tido muita preguiça em pesquisar sobre educação, talvez seja cansaço, resultante de vários factores: problemas pessoais, instabilidade do sitema educativo, legislação educativa cuja finalidade é difícil de compreender e muita papelada para preencher...
    Sinceramente, não ando nada motivado para trabalhar....
    resta-me um pouco de confiança no futuro e na possibilidade reencontrar o meu caminho....tão boas classificações....

    Quanto ao professor Carlos, queria agradecer-lhe por me ter convidado para este projecto e por ter depositado confiança nas minhas aptidões....
    A vós, colegas, dou-vos os sinceros parabéns por terdes tanta capacidade em explicar-vos e em comunicar de uma forma aprazível e significativa. Bem hajam...adorei os vossos comentários.....Continuem asssim....
    Quanto a mim, ainda ainda só consigo "gatinhar" neste caminho tão complexo do "Perfil profissional".

    Boa Noite...
    Até breve....

    Quanto à minha participação neste projecto, estou decepcionado comigo mesmo....
    sinto que não dei um contributo tão significativo quanto devia...Desculpai-me ....
    Agora percebo porque nunca tive grandes classificações nos meus relatórios da PP...
    Chego à conclusão que não merecia t

    By Blogger Nuno Monteiro, at 5/15/2006 11:27 da tarde  

  • Mas o que é isso, Nuno. Ai esses pensamentos tão negativos... Anime-se, se faz favor. Exigência de um ex-professor; pedido de um amigo ... Havemos de conversar, num outro espaço, num outro contexto - fica prometido.

    By Blogger Carlos Silva, at 5/16/2006 2:40 da manhã  

  • Assim está melhor, muito melhor. Esta é a Ana que tive o privilégio de conhecer na formação inicial e, em especial, durante o estágio.
    Não sei se voltarei ao seu comentário... mas, pelo menos, fica aqui a minha reacção de satisfação!
    Obrigado, Ana. É por momentos destes que vale a pena continuar o nosso esforço... E, apesar do meu sentido crítico (demasiamente apurado, segundo algumas pessoas), este blog até foi proporcionando momentos muito significativos para a investigação e, sobretudo, para o vosso processo de análise, reflexão acerca da indução profissional.

    By Blogger Carlos Silva, at 5/18/2006 2:37 da manhã  

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