Ser Professor do 1.º Ciclo

sábado, abril 22, 2006

(Prof)issional....

Boa tarde....
Quase parece um jogo de palavras, mas tem uma intenção...
Trata-se de aproveitar este momento para fazer duas coisas: a primeira trata-se de pedir desculpa a todas as colegas da turma de 2002 e ao professor Carlos, por não ter podido participar na entrevista até ao fim, mas motivos mais pessoais se levantaram. Com certeza foi um momento muito proveitoso e aproveitado, pelo facto de, como sempre, haver momentos de debate, partilha, e reflexão sobre o tema globalizador, digamos assim, "Ser Professor do 1.º Ciclo".
Num segundo momento, gostaria de deixar aqui uma breve reflexão sobre o que se debateu ontem na minha presença, nomeadamente, no que concerne à questão presente no título desta postagem: profissionalidade.

Foram referidas unanimemente, pelos presentes, três dimensões do perfil profissional de um professor do 1.º Ciclo:
- uma dimensão pessoal, ligada à personalidade de cada um, à sua forma de estar no terreno educativo e na vida, articulada com valores fundamentais como a democracia, a colaboração, a partilha, a valorização do outro;
- uma dimensão social, onde cada um é chamado a interagir com os restantes elementos da Comunidade Educativa e outros intervenientes, de uma forma construtiva e crítica, onde é premente a necessidade de ter um espírito de liderança e saber estar, argumentando e defendendo crenças pessoais;
- e uma dimensão pedagógica, a qual, sendo uma dimensão menor, não é a menos importante, antes pelo contrário.

É esta última dimensão que, na minha opinião, focalizamos o nosso olhar, acção e intervenção, na medida em que é o nosso "alvo", e é aqui que, fundamentalmente, somos chamados a ser profissionais, a nível da forma como somos capazes de adequar o currículo nacional às características dos alunos, e dinamizamos actividades integradoras que propiciem a realização de aprendizagens significativas pelos mesmos. Isto só se torna possível se formos capazes de construir Projectos Curriculares de qualidade, definindo princípios, prioridades de acção, actividades, formas e critérios de avaliação, identificar problemas, colocar questões geradoras, e de termos com os alunos e com os nossos pares, uma visão integrada do currículo e do que se pretende da escola, nos tempos actuais.
Cada vez mais se sente a necessidade de integrar conhecimentos de várias áreas - equipas pluridisciplinares - para dar resposta aos problemas que todos sentimos, cada vez faz mais sentido colaborar para construir, cada vez mais se torna premente definir políticas educativas que incentivem a utilização de diversos recursos e materiais...
Dito de outra forma, cada vez mais... vale mais ser... do que parecer...
Sabemos que a realidade não é esta, mas... é caminhando que se faz o caminho...

Bom fim de semana...

4 Comments:

  • Olá Ana, Boa Noite....
    antes de mais quero agradecer-te por teres comentado a minha´última intervenção neste espaço.
    Depois, desejo que esteja tudo bem contigo quer pessoal, quer profissionalmente.

    Finalment, gostaria de te esclarecer, que me referia a ser uma dimensão menor, porque tem a ver com o facto do número de alunos, comparado com a restante comunidade, é menor ....
    Um beijinho e tudo de bom para ti....

    By Blogger Nuno Monteiro, at 4/27/2006 10:27 da tarde  

  • Olá Nuno.

    Obrigado pela postagem. Ainda assim, tal como a Ana, também fiquei com algumas dúvidas em relação ao seu texto. Já li a sua resposta à Ana, mas também não fiquei totalmente esclarecido. Eventualmente a dimensão pedagógica pode estar a ser tratada de uma determinada forma nos contextos escolares que a coloca numa posição menor face a outras, o que, presumo, seria isso que quis dizer e bem, não deveria acontecer.
    Assim, entendo que pretende valorizar a dimensão pedagógica, muitas vezes esquecida ou ignorada na azáfama das organizações escolares, preocupada com tantas coisas ao mesmo tempo, que acaba por menosprezar ou esquecer aquilo que deve ser uma dimensão nobre da sua intervenção, ou seja, os aspectos pedagógicos. Diga-me se estou certo.

    Depois também não entendi porque diz que “vale mais ser do que parecer”. O que disse antes parece que induzia uma situação contrária, pois parece haver mais quem se preocupe com o 'parecer' do que com o 'ser', provavelmente, digo eu, pelo facto de a autenticidade e o trabalho não serem reconhecidos nas escolas.
    Qual é, afinal, a realidade que se encontra na escola? Aquela em que os professores tentam ser genuínos, procuram dar respostas aos problemas das escolas, ou, pelo contrário, uma outra realidade, cheia de activismo, construída para preencher espaços, tempos, que só se parecem, mas não são situações que do ponto de vista pedagógico sejam pertinentes?

    By Blogger Carlos Silva, at 4/29/2006 3:29 da manhã  

  • Boa Noite, Ana e Professor Carlos. Mais uma vez venho esclarecer o que queria dizer:
    Relativamente ao "vale mais ser do que parecer", referia-me à pertinência de o saber ser profissional, passar por aprendermos a defender as nossas posições de acordo com as nossas convicções, baseadas num trabalho crescente de pesquisa de informação, seja ela pedagógica, ou legislativa. Assim,mesmo que seja custoso, porque a realidade não ajuda, na medida em que há muita burocracis, é preciso ir mostrando que o ser é muito mais importante do que o parecer....


    Quanto ao facto da expressão, "dimensão pedagógica " ser a menor, referia-me ao facto da dificuldade de interacção ser muito menor com os alunos, comparativamente aos restantes elementos da comunidade educativa.....

    Para mim, é muito menos problemático lidar com as crianças e suas características, do que com as burocracias, desentendimentos e lutas de poder existentes nas realidades educativas....
    Espero que agra me tenho feito entender...desculpem me se fui contraditório,.,.,..

    By Blogger Nuno Monteiro, at 4/29/2006 11:07 da tarde  

  • Ok, Nuno, agora, para mim, ficaram claras as suas posições. Parece-me que, em ambas as situações, há uma clara visão da escola como um contexto problemático e que muito do que se faz nele acaba por não estar devidamente ou totalmente orientado para as funções que levaram, desde há muito tempo, à sua institucionalização como local de formação e educação.

    Ainda bem que pensa que vale mais a pena investir na autenticidade do desempenho profissional, procurando “defender as nossas posições de acordo com as nossas convicções” e, diria eu, com base na coerência do nosso trabalho pedagógico, a nossa disponibilidade para colaborar no trabalho de gestão curricular da escola.

    Quanto à questão da dimensão pedagógica, embora perceba que acabe por ser aquela que menos atrito lhe traz no seu desempenho profissional, pois é fruto de um trabalho mais individual, ela não pode ser vista de forma desligada da comunidade educativa. Assim sendo, por muitas dificuldades que isso lhe traga, o seu desempenho profissional acaba por ser fruto das diferentes interacções que estabelece nos contextos escolares e todas elas se complementam e são necessárias para o sucesso da sua intervenção.
    Em forma de provocação, pergunto se essa ideia não pode ser o princípio, ainda que involuntário ou reactivo, de um certo retraimento e isolamento voltado para a sala de aula, que acaba por ser característico do 1CEB? Ou será que esses constrangimentos são assim tão fortes que não resta alternativa?

    By Blogger Carlos Silva, at 5/02/2006 11:37 da manhã  

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