Continuidade vs. mobilidade docente... alguns factores a ponderar.
Um dos problemas que afecta os professores principiantes no período de indução, até pela sua condição de contratado (mas também, em muitos casos quando já pertencem aos Quadros de Zona Pedagógica), onde o vínculo à entidade empregadora é bastante precário, diz respeito à grande mobilidade docente no mesmo ano lectivo e entre anos escolares. Esta situação faz com os professores não tenham o tempo suficiente na mesma escola, com o mesmo grupo de crianças, para desenvolver um trabalho curricular e pedagógico em continuidade e profundidade.
Abro aqui uma adenda para dizer que o problema da mobilidade docente não é exclusivo dos professores em início de carreira. Como acontecia até ao presente ano lectivo (as recentes alterações nos concursos de professores vão produzir efeitos no próximo ano lectivo – ver post “avaliação”, daAquilo que queria aqui ver reflectido insere-se nas questões relativas ao trabalho curricular e pedagógico que um professor realiza numa escola, contrapondo com as temáticas que cabem nas designações de mobilidade, instabilidade, continuidade docente, que podem influenciar de forma decisiva a qualidade e os resultados desse trabalho.
Assim, por questões de análise destas temáticas, e obstando uma ideia aparentemente consensual de que a continuidade docente é um factor de estabilidade profissional com repercussões na qualidade do trabalho desenvolvido pelo professor, na relação pedagógica estabelecida com o grupo de alunos, no desenvolvimento dos afectos e das relações interpessoais, no conhecimento da comunidade educativa, queria-vos chamar a atenção para outros factores que podem resultar desta análise.
A primeira questão refere-se à tendência para a rotina nos procedimentos do professor que se pode acomodar a uma situação estabilizada e pouco propiciadora de processos de investigação, colaboração, reflexão. Esta situação pode ter também implicações gravosas nas rotinas de sala de aulas, demasiado previsíveis, onde os contextos acabam por ser pouco dados à criatividade, à imaginação, à autonomia, imperando uma certa dependência de gestos, hábitos e condicionamentos.
É um facto que o professor, por muitos cuidados que tenha, acaba por estabelecer relações diferenciadas com os alunos, seja porque lhe merecem mais atenção, porque precisam de mais afecto, porque são extremamente bem educados e afáveis, ou, ao invés, são teimosos, têm dificuldades de aprendizagem, têm comportamentos agressivos ou hiperactivos, provocam ou perturbam os colegas. Também por parte dos alunos é legítimo que se compreenda que possam, por algum motivo, em muitos casos de forma não intencional, criar dificuldades de relacionamento com o professor, não se sintam à vontade com o estilo do professor, não gostem da sua maneira de ser.
Pelo facto do professor estar num contexto que não lhe agrada podemos dizer que a sua motivação não será a melhor, com prováveis repercussões no seu rendimento enquanto professor, apesar do seu carácter profissional, que o deve mover para atitudes congruentes. O professor pode não gostar de alguns colegas, pode considerar não haver condições humanas e materiais para se desenvolver um bom trabalho. Pode ainda estar longe do seu contexto familiar, do seu círculo de amizades, encontrar-se desintegrado do contexto social em que se insere a escola.
O que fazer nestes casos? Como se motiva os professores para uma função tão específica e de elevada importância quando pode haver muitos factores que a podem pôr