Ser Professor do 1.º Ciclo

sábado, janeiro 28, 2006

Conflitos sócio-cognitivos... também para professores...

Olá Boa Noite...

Antes de mais, queria agradecer àqueles que fizeram comentários à minha postagem... foi positivo e também construtivo, na medida em que me ajudaram a renascer algumas ideias para esta semana, no blog.

Contudo, gostaria de me explicar melhor relativamente ao que queria dizer sobre o tal choque educológico: referia-me esencialmente à questão do "salto" emocional e relacional que é preciso fazer quando alguém como nós sai de uma formação inicial, que considero das melhores do país.

Essa mudança constitui uma fase incontornável da vida profissional de um professor, não só porque sente-se a necessidade de se pôr em prática o que se aprende na formação inicial, mas também porque é uma longa caminhada de construção pessoal e de um perfil profissional, que se deseja longo e cheio de riqueza em termos de experiência.

Tal "choque" não são mais que momentos cheios de ansiedade e esperança e... sobretudo... é um ritual necessário que, não obstante as dificuldades que sentimos, permite a cada professor construir um perfil profissional de cariz investigativo (procurar/planificar/implementar/pesquisar), construtivo (aprender sempre, colaborar, valorizar processos e não tanto resultados) e reflexivo (avaliar as suas práticas, a sua forma de construir projectos, a sua forma de ver o mundo tão vasto e complexo que é a educação).

Penso que foi isso o mais importante que levei comigo da formação inicial: as dificuldades ou também conflitos sócio-cognitivos não são obstáculos a uma carreira profissional de qualidade, mas antes o seu motor...

sábado, janeiro 21, 2006

Choque... (Educ)ológico...

Boa tarde...

A propósito de formação inicial, hoje, enquanto planificava as minhas actividades semanais, a desenvolver com os alunos, lembrei-me de uma questão que, a meu ver, considero pertinente... Perdoem-me se não for...

Todos nós nos sentimos, de certa forma, pressionados, enquanto andávamos a preparar-nos para sermos professores, com muitos trabalhos de todos os tipos, muitas horas fechados em salas de aula mais ou menos "tradicionais", com calor ou com frio, com mais ou menos nervos. A verdade é que, para além de termos sido mais ou menos assíduos, mais ou menos interessados nas aulas, parece que, afinal, o saldo foi positivo, porque até temos algumas noções metodológicas importantes para a sala de aula.

Também não é menos verdade que os estágios pedagógicos, de uma maneira geral, corriam bem, parecendo que cada grupo de estágio ia conseguindo desenvolver actividades integradoras significativas com os alunos, utilizando para tal, materiais apelativos, recursos diversos, muito trabalho de cooperação entre o grupo e com os diversos orientadores intervenientes...

Todavia, faz sentido questionar.....

Se até conseguimos sair da formação com um certificado, com classificações bastante razoáveis, e até temos noção de que o que aprendemos na formação até resulta e é possível...

Por que razão o trabalho não continua, no terreno, muitas vezes nos mesmos moldes?

Por que nos assolam tantos sentimentos negativos, dilemas, dúvidas, conflitos de perspectivas educativas, nos primeiros anos de trabalho?

Por que razão as colegas mais velhas que já "são professoras" há muito tempo, consideram certas formas de trabalhar com os alunos uma quimera?

Será que tudo isto faz parte do processo de indução profissional? Ou será um "choque educológico", algo natural e necessário para construir um perfil profissional de cariz reflexivo, investigativo, colaborativo?


Será que seria necessário...?

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Formação inicial do IEC é boa e recomenda-se!

Uma postagem que pretende ser simples na mensagem, mas profícua nos comentários, por isso, preparem-se!

É assim, tanto nas entrevistas como neste blog, várias vezes ouvi (li) comentários que apreciam e qualificam a vossa formação inicial como de ‘excelência’, ‘muito boa’, ‘entre as melhores do país’, apesar da tendência para lhe apontar alguns problemas ou defeitos (dizem vocês, no sentido de ainda a poder tornar melhor e mais capaz).

A acreditar no que dizem (imodéstia à parte, também tenho motivos para crer que pode ser assim) há certamente muitos aspectos/factores que valorizam e fazem parte dos atributos positivos da formação inicial que receberam no Instituto de Estudos da Criança, da Universidade do Minho.

Aquilo que vos peço é isto: procurando não se repetirem, no sentido de diversificar e complementar os argumentos, concretizem os motivos, os indícios que vos levaram a formular esse sentimento. Dito doutra forma, se vos pedissem para fazer a apologia da formação inicial do IEC, da UM, o que diriam?

terça-feira, janeiro 17, 2006

Um pequeno desabafo.

Estava eu a visitar uma escola pela primeira vez (uma daquelas escolas que parecem esquecidas num país de TGV's, estádios de futebol, aeroportos grandiosos e por aqui me fico...) a propósito de um projecto de intervenção ao nível das TIC quando alguém que me dava a conhecer a escola afirma algo que me fez repensar tudo o que aqui debatemos, na minha formação inicial, em suma, que me fez rever a essência da profissão de professora do 1.º Ciclo. Na altura, a dita frase massacrou-me o cérebro por alguns momentos. Hoje massacra-me a alma só de pensar quantos professores não existem com a mesma frase a guiar o dia-a-dia.
O que se colocava na altura era a necessidade de a professora acompanhar o trabalho que me estava a propôr concretizar junto dos seus alunos. Eu queria que ela se envolvesse em todo o processo, uma voz activa com intuito de dar continuidade ao trabalho na minha ausência. A resposta que obtive transcrevo de seguida...

- "Oh colega, não vale a pena!!! Vou para a reforma em Maio e não vale a pena sequer meter-me numa coisa dessas. Dou-lhe os meninos e a colega faz o que quiser."

Já dizia o Poeta: "Vale sempre a pena, quando a alma não é pequena."

Acho que vou fazer desta frase um meio para a reflexão.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Para reflectir...

Olá!
Embora já tenha passado algum tempo desde a primeira entrevista, queria partilhar convosco algumas reflexões.
Não tenho dúvida que a nossa formação inicial está entre as melhores do país. Saímos com capacidade para trabalharmos em grupo, com abertura, flexibilidade, compreensão e, sobretudo, com um espírito inovador e aberto à mudança. Para além disso, ao longo do curso, fomos adquirindo conhecimentos abrangentes que nos permitem ter algumas bases teóricas para tentarmos interpretar e resolver os problemas com que nos deparamos.
Os dilemas surgem quando chegamos às nossas salas de aula. Noutras profissões, é dada a possibilidade de uma inserção lenta, com acompanhamento de um superior, que vai ajudando e dando conselhos. Nós, professores, somos “lançados” para dentro da sala de aula, sozinhos, sem apoio e sem saber a quem recorrer…
O que fazer? Como passar do papel de aluno, sujeito a métodos de ensino tradicionais, para um professor, com métodos de ensino diferenciados, em que o aluno tem o papel principal? O que fazer para não reproduzirmos os métodos com que fomos ensinados durante 16 anos? Será que a metodologia por projecto não deveria ser também implementada na nossa formação inicial?

sábado, janeiro 07, 2006

Mudanças...

Olá!
Na primeira entrevista que realizámos sobre a nossa formação inicial foi-nos solicitado que apontássemos aspectos positivos e menos positivos sobre a mesma.
Por muitos aspectos que se apontem temos todos que admitir que somos professores do 1.º Ciclo bem formados. Mas o cerne da questão não está aí! Nenhuma formação inicial nos pode formar em todos os aspectos... Somos nós que temos que dar continuidade a essa formação!!!
Acima de tudo, temos que colocar o pessimismo de parte e pensar o quanto somos importantes para os "nossos meninos" e que, se gostamos do que fazemos, precisamos de investir e, por muito que nos custe, aderir às mudanças e tentar adaptar-nos a elas!
Mas o meu principal objectivo desta postagem é realçar um aspecto da formação inicial que eu julgo essencial: o trabalho colaborativo! De facto, esta metodologia de trabalho tão presente na nossa formação inicial faz com que agora nos sintamos predispostos e motivados a trabalhar colaborativamente... Não acham que a colaboração faz muita falta em muitas das escolas por onde passamos???
Não se esqueçam que é fundamental "...fazer da escola um espaço de construção participada o que torna imprescindível que se mude a própria cultura institucional, ou seja, de uma cultura individualista terá de se evoluir para uma cultura colaborativa" (Morgado, 2002).
Não acham que isto foi conseguido na nossa formação inicial? Pelo menos em mim esta cultura foi interiorizada...

quarta-feira, janeiro 04, 2006

"When a learner sits down and blogs, he/she is engaging in a reflective process"
George Siemens

Encontrei isto enquanto navegava pela net. Achei interessante partilhar convosco.